sexta-feira, 25 de julho de 2025

Como o cuidador pode preservar sua saúde emocional


 

    Muito se fala sobre os cuidados e a atenção que devemos ter com os idosos, mas não podemos esquecer das pessoas que muitas vezes dedicam suas vidas aos cuidados desses idosos abrindo mão de si mesmo e suas preferências. Muitos dos cuidadores assumem esse papel sem nenhum treinamento formal e passam por situações que resultam em altos níveis de estresse e desgaste emocional (SILVA, 2024).

O apoio social e emocional é essencial para estas pessoas, porém não raro o que observamos é a falta de uma rede de apoio e suporte familiar, de amigos e até mesmo da comunidade. Nosso objetivo com este post é justamente trazer algumas dicas e informações úteis para auxiliar o cuidador a lidar com toda essa sobrecarga emocional (SILVA, 2024).


Busque informações: é essencial que o cuidador conheça a quem cuida, busque informações a respeito da condição e da perspectiva a curto, médio e longo prazo de sua condição. Isso pode prevenir a surpresa e o estresse em caso de alguma emergência e mal estar (Ministério da Saúde, 2008).  


Participe de grupos de apoio: geralmente são grupos formados por associações voltadas para a condição específica do idoso cuidado e são facilmente encontrados por pesquisas na internet. Estes grupos oferecem um grande apoio e identificação com pessoas que passam pelas mesmas situações e dificuldades que você (Ministério da Saúde, 2008). 


Procure seus direitos: existem diversos direitos relacionados ao cuidador. Caso o idoso e sua família não tenham condições de sustento necessárias, essa função fica a cargo do poder público, que deve assegurar o benefício mensal de 1 salário mínimo. Outros gastos em relação ao cuidado, como medicamentos, fraldas, cadeira de rodas e cadeira de banho, também podem ser amenizados através de um processo administrativo (Ministério da Saúde, 2008).


Para finalizar, é essencial que você separe um tempo para si mesmo, pois ninguém tem condição de cuidar de uma pessoas 24h por dia, sete dias na semana. Lembre-se: você não dá aquilo que não tem, separe um tempo para o seu lazer: passear, ver os amigos, assistir um filme, etc. Você com certeza faz o seu melhor, não se sinta culpado por tirar um tempo para você! (SILVA, 2024)


Referências


SILVA, P. P. C.; et al. Cuidar de quem cuida: estratégias psicossociais na promoção da saúde mental de cuidadores de idosos. Revista FT. v. 28, n. 139, 2024. Disponível em: https://revistaft.com.br/cuidar-de-quem-cuida-estrategias-psicossociais-na-promocao-da-saude-mental-de-cuidadores-de-idosos/


BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Guia prático do cuidador / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Brasília: Ministério da Saúde, 2008. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_pratico_cuidador.pdf

sexta-feira, 18 de julho de 2025

Produtos pensados na segurança e conforto do idoso

 


    Com o envelhecimento nosso corpo passa por uma série de mudanças naturais que resultam em uma série de alterações nas capacidades físicas, sensoriais e cognitivas. As alterações físicas em especial, tem grande impacto na autonomia do idoso, pois ocorre uma diminuição geral da força muscular, destacando a força de preensão palmar e nos membros inferiores que pode causar dificuldades no equilíbrio e diminuir a velocidade de marcha (MEDOLA, 2021).


Como dito, estas alterações impactam diretamente na qualidade de vida do idoso e interferem com sua segurança e conforto, podem aumentar o risco de quedas e diminuir a participação em atividades familiares como auxiliar em um almoço da família, etc. Felizmente, atualmente existem diversos produtos que são desenvolvidos especialmente para atender a estas necessidades, nosso objetivo no post de hoje é apresentar um pouco destes produtos que auxiliam tanto na rotina quanto na segurança do idoso (MEDOLA, 2021). 


Os produtos estão listados em categorias de acordo com suas funções:


Facilitadores das atividades diárias (GRUBER, 2017)

  • Talheres com cabos grossos e antiderrapantes: ideais para quem tem fraqueza ou tremores;

  • Copos com alça e tampa antivazamento: evitam acidentes durante a alimentação;

  • Abridores ergonômicos de potes: reduzem o esforço e o risco de lesões.


Mobilidade e locomoção (MEDOLA, 2021)


  • Andadores, bengalas e muletas com ajuste de altura: para quem precisa de apoio ao caminhar;

  • Cadeiras de rodas dobráveis e leves: mais praticidade no transporte;

  • Calçados com solado antiderrapante: evita quedas e dão mais conforto aos pés;

  • Elevadores ou plataformas residenciais: para casas com escadas.


Conforto e bem-estar (GRUBER, 2017)


  • Colchões ortopédicos e antiescaras: evitam dores e feridas em idosos com mobilidade reduzida;

  • Travesseiros anatômicos: ajudam na postura e no sono de qualidade;

  • Roupas com velcro ou zíper frontal: facilitam a vestir, especialmente nos casos de limitação de movimentos;

  • Meias com sola antiderrapante: evitam escorregões dentro de casa.

Apesar de serem alterações extremamente simples, elas têm a capacidade de auxiliar e muito a vida diária de um idoso, entregando de volta a autonomia e o integrando na sociedade e família, sendo um membro ativo nestas comunidades. Valorizar a segurança e o conforto na rotina da terceira idade é um gesto de cuidado, atenção e respeito! (MEDOLA, 2021) 


Referências


MEDOLA, F. O. Desgin de Produtos Assistivos para Idosos. Estudos Interdisciplinares sobre o Envelhecimento. v. 25, 2021. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/RevEnvelhecer/article/view/118155


GRUBER, C.; et al. O vestir na vida dos idosos: contribuições da ergonomia e das tecnologias assistivas. ModaPalavra e-periódico. n. 19, p. 149-178, 2017. Disponível em:  https://www.redalyc.org/journal/5140/514054176011/html/

sexta-feira, 11 de julho de 2025

Sexualidade na velhice e o tabu na sociedade contemporânea

 


A sexualidade na velhice ainda é um tema repleto de preconceitos, mitos e tabus na sociedade atual. Apesar do envelhecimento populacional ser uma realidade crescente, falar sobre desejo, amor e práticas sexuais na terceira idade segue sendo visto como um assunto a ser evitado ou até mesmo como algo inapropriado. A verdade é que o desejo, a busca por carinho, afeto e prazer não desaparecem com a idade, muitas idosas e idosos relatam viver uma fase de redescobertas e de novas formas de expressão (ROZENDO, 2015).

Por que a sexualidade na velhice ainda é um tabu? (VIEIRA, 2012)

  • Estereótipos que silenciam: as construções sociais ainda praticadas associam majoritariamente a sexualidade apenas à juventude, isso leva a consequência de idosos sendo vistos como assexuados e sem desejo;


  • O peso da cultura e da moral: muitos idosos cresceram em tempos marcados por padrões sociais opressivos que desencorajavam a conversa sobre sexualidade de forma aberta, considerando inadequado ou desnecessário. Este passado baseado no silêncio e na repressão deixa marcas que ainda influenciam o pensamento da sociedade e dos próprios idosos mesmo nos dias de hoje;


  • Impactos na qualidade de vida: o silêncio, o medo do julgamento e a falta de acesso a informações ainda presentes entre muitos idosos comprometem não apenas a vivência da sexualidade, mas afetam diretamente sua saúde emocional, autoestima e bem-estar geral. A repressão de sentimentos e desejos pode gerar solidão, insegurança e sintomas de depressão. 


Esta fase é um momento de redescoberta, em que os sentimentos assumem novas formas de expressão, incluindo a intimidade e o desejo sexual, que continuam presentes e legítimos nessa fase da vida. Valorizar essa dimensão contribui para uma vida mais plena, com relações afetivas mais saudáveis e maior qualidade de vida (VIEIRA, 2012).


Portanto, romper com o tabu da sexualidade na velhice é um desafio que envolve educação, saúde pública e transformação cultural. A sexualidade faz parte da vida desde o início até a velhice e por definição não se resume apenas ao ato sexual, mas envolve carinho, cuidado, amor, afeto, troca emocional, valores, crenças, relações e sentimentos (ROZENDO, 2015).  


Falar sobre sexualidade na terceira idade é garantir dignidade, saúde mental, qualidade de vida e combater o preconceito que ainda exclui essa população de viver plenamente seus desejos e afetos. Deste modo, reconhecer a sexualidade como direito humano nas fases da vida é um passo essencial para promover o envelhecimento saudável, com respeito e dignidade (ROZENDO, 2015).


Referências

ROZENDO, A. S.; ALVES, J. M. Sexualidade na terceira idade: tabus e realidade. Revista Kairós Gerontologia, São Paulo, v. 18, n. 3, p. 95-107, 2015. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/kairos/article/view/24142

VIEIRA, K. F. L; MIRANDA, R. S; COUTINHO, M. P. L. Sexualidade na velhice: um estudo de representações sociais. Psicologia e Saber Social, João Pessoa, v. 1, n. 1, p. 120-128, 2012. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/index.php/psicologiasabersocial/article/view/14048


sexta-feira, 4 de julho de 2025

Demência e comunicação: o papel do carinho, da escuta e da paciência

 


    Um dos maiores desafios vivenciados por quem cuida ou tem algum familiar com demência é a comunicação, geralmente esta é uma das primeiras áreas que interfere na qualidade de vida do idoso com demência, por vezes, nos estágios iniciais e moderados, o idoso ainda é capaz de realizar as atividades de vida diária sozinho porém as alterações da linguagem dificultam a compreensão das instruções dadas pelo cuidador (DELFINO, 2016). 


Primeiramente, vamos entender como ocorre a progressão dos sintomas de comunicação e linguagem: (DELFINO, 2016)


  • Estágios leves: surgem problemas sutis para relembrar palavras;


  • Estágios moderados: dificuldades com o uso da correto das palavras, formação de frases, compreensão e escrita ficam cada vez mais relevantes;


  • Estágios avançados: os problemas de comunicação evoluem e são agravados pela perda da memória e déficits intelectuais. Os idosos podem se comunicar de forma ininteligível ou ficar totalmente mudos.


Dessa forma, preparamos algumas dicas que podem auxiliar a manter uma comunicação carinhosa, eficiente e segura com o idoso.


Fase Inicial (SOARES, 2019)


  • Não sufoque o idoso com muitas informações e perguntas feitas ao mesmo tempo, a tendência é que ele misture todo o conteúdo;

  • Fale pausadamente e faça uma pergunta por vez, dando tempo para que o idoso pense e tente responder;

  • Converse com a pessoa sobre suas vontades e como gostaria de ser tratada com o avanço da doença.


Fase Intermediária (SOARES, 2019)


  • Use frases curtas, olhando diretamente nos olhos do idoso para prender mais sua atenção;

  • Encontre um tom de voz que possa ser compreendido;

  • Comunicação não verbal: o idoso muitas vezes não consegue explicar o que quer, por isso espalhe dicas pela casa (cole imagens de objetos que o idoso irá encontrar dentro de um armário, por exemplo);

  • Evite fazer perguntas em que não obterá respostas, ao invés de perguntar “onde você está?”, descreva você o local onde ele se encontra, isso auxilia na redução da ansiedade.


Fase Avançada (SOARES, 2019)


  • Nesta fase a comunicação verbal fica muito prejudicada mas não deixe de interagir com o idoso;

  • Use frases curtas e gestos;

  • Perguntar se o idoso quer uma maçã provavelmente vai ser inútil, mas você pode mostrar uma maçã, e ele poderá responder balançando a cabeça indicando sim ou não;

  • Narre tudo o que está acontecendo no ambiente, como está o dia, episódios da família e tudo que irá fazer com ele. O importante é manter essa troca.


Com estes conceitos em mente compreendemos como é desafiador determinar uma abordagem ideal para se comunicar com o idoso, não raro, estratégias que funcionam bem para diversos problemas em um momento podem deixar de funcionar em questão de minutos para o mesmo problema (DELFINO, 2016). 


Referências


DELFINO, L. L.; CACHIONI, M.. Estratégias comunicativas de cuidadores de idosos com demência: uma revisão sistemática. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, v. 65, n. 2, p. 186–195, abr. 2016. Disponível em: https://www.scielo.br/j/jbpsiq/a/8q5hFkK5Z3t4YHTcMYtTpDF

SOARES, M. J. G. et al. Comunicação de Idosos com Demência: uma revisão integrativa. IV Congresso Internacional de Envelhecimento Humano, 2019. Disponível em: https://www.editorarealize.com.br/editora/anais/cieh/2019/TRABALHO_EV125_MD1_SA1_ID1396_10062019154118.pdf