sexta-feira, 26 de setembro de 2025

A Prevenção do Suicídio na Pessoa Idosa

 


O Setembro Amarelo nos lembra da importância de falar sobre saúde mental e de quebrar tabus que ainda cercam o tema do suicídio e quando pensamos nos idosos, esse cuidado deve ser ainda maior. Na terceira idade, fatores emocionais, sociais e biológicos podem afetar profundamente a saúde mental. Muitos idosos enfrentam perdas, do cônjuge, saúde, autonomia, somadas a doenças crônicas, solidão e dificuldades financeiras. Esses elementos podem levar a pensamentos como: “não quero incomodar”, “já vivi o suficiente”, expressando, muitas vezes de forma indireta, o desejo de desistir (FUMEGALLI, 2019). 

Atenção aos Sinais de Alerta (FUMEGALLI, 2019)

  • Verbalizações indiretas sobre suicídio “seria melhor se eu não estivesse aqui”;

  • Isolamento social e desinteresse por atividades antes prazerosas;

  • Descuidos com saúde, alimentação ou aparência;

  • Distribuição de bens pessoais;

  • Ações de despedida silenciosa, como dizer “estou cansado de viver”.

Como podemos prevenir? (DOS SANTOS, 2021)

  • Escuta ativa e acolhedora: ouvir sem julgamento é uma forma poderosa de apoio;

  • Fortalecer vínculos: incentivar a convivência com família, amigos e grupos sociais;

  • Garantir acesso a cuidados de saúde: acompanhamento médico e psicológico é essencial;

  • Promover atividades significativas: manter o idoso ativo física, social e mentalmente;

  • Falar sobre o assunto sem tabu: conversar pode salvar vidas.

Prevenir o suicídio entre idosos é cuidar com humanidade, presença e afeto. O silêncio não é solução. Cuidar da saúde mental em qualquer idade é um compromisso coletivo. Se você é idoso e está se sentindo desanimado, ou conhece alguém nessa situação, fale hoje mesmo com um familiar, amigo ou profissional (DOS SANTOS, 2021).

CVV 188 – apoio emocional gratuito.

Referências

FUMEGALLI, A. Taxa de suicídio entre idosos cresce e prevenção é o melhor caminho.  RIO GRANDE DO SUL. Secretaria da Saúde. 2019. Disponível em: https://saude.rs.gov.br/taxa-de-suicidio-entre-idosos-cresce-e-prevencao-e-o-melhor-caminho

DOS SANTOS, M. C. L. et al. Suicídio em idosos: um estudo epidemiológico. Revista da Escola de Enfermagem da USP, v. 55, 2021. Disponível em: https://www.scielo.br/j/reeusp/a/wCrn4qXgdB9cgkJYf5jCZXB/?lang=en

sexta-feira, 19 de setembro de 2025

Dia Mundial da Doença de Alzheimer: o papel da família e do cuidado humanizado

 


No próximo domingo, 21 de setembro, celebramos o Dia Mundial e Dia Nacional de Conscientização da Doença de Alzheimer. Esta é uma data para refletir, conscientizar e promover informação sobre a doença, mas, principalmente, sobre a importância de cuidar com afeto, dignidade e respeito (Ministério da Saúde, 2024?).

Estima-se que 1,2 milhão de brasileiros convivam com algum tipo de demência, sendo a Doença de Alzheimer a mais comum. A cada ano, surgem 100 mil novos casos no país. Mundialmente, o número de pessoas com demência pode chegar a 131 milhões em 2050, esses números reforçam a importância de discutir não só a prevenção e tratamento, mas também a forma como famílias e sociedade acolhem quem vive com Alzheimer (Ministério da Saúde, 2024?).

O que é o cuidado humanizado? (DA SILVA et al, 2023)

  • Valorizar a pessoa como indivíduo, respeitando sentimentos e sua história de vida;

  • Olhar o mundo pelos olhos da pessoa com demência, reconhecendo seus medos e necessidades;

  • Promover ambientes seguros e previsíveis, que transmitam calma e bem-estar;

  • Fortalecer vínculos afetivos por meio de pequenos gestos: segurar a mão, sorrir ou ouvir uma música juntos.

O papel da família

O cuidado da família vai muito além de ajudar nas tarefas do dia a dia: ele é a base do suporte emocional e da preservação da autoestima. É importante lembrar que a pessoa com demência continua tendo sentimentos e individualidade, que precisam ser respeitados em cada etapa do processo. Como se trata de uma doença progressiva, a convivência próxima da família é essencial para perceber mudanças precoces e garantir apoio constante. Esse cuidado, no entanto, exige paciência, empatia e capacidade de adaptação, já que cada fase da doença traz novos desafios (DA SILVA et al, 2023)

Referências

BRASIL. Ministério da Saúde. Dia Mundial da Doença de Alzheimer e Dia Nacional de Conscientização da Doença de Alzheimer. Biblioteca Virtual em Saúde – Ministério da Saúde, Brasília, 21 set. 2024?. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/21-9-dia-mundial-da-doenca-de-alzheimer-e-dia-nacional-de-conscientizacao-da-doenca-de-alzheimer-2/

DA SILVA, M. R.; et al. Doença de Alzheimer: Estratégias de Cuidado Diante das Dificuldades ao Portador e Cuidador. Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences. v. 5, n. 4, p. 164–191, 2023. Disponível em: https://bjihs.emnuvens.com.br/bjihs/article/view/380

sexta-feira, 12 de setembro de 2025

Setembro Amarelo e saúde mental dos cuidadores de idosos

 


A campanha do Setembro Amarelo nos leva a reflexão sobre a importância da saúde mental e da prevenção ao suicídio. Porém, pouco se fala sobre um grupo que merece atenção especial: os cuidadores de idosos. Muitas vezes vistos como pessoas dedicadas e incansáveis, esses cuidadores, em grande parte familiares sem preparo ou remuneração, enfrentam uma rotina intensa, marcada por sobrecarga, estresse e renúncia ao próprio cuidado. Esse contexto aumenta significativamente o risco de adoecimento emocional, incluindo a depressão, tornando essencial voltarmos o olhar para o bem-estar de quem cuida (FELIPE, 2020). 


Diversas pesquisas afirmam que a sobrecarga do cuidador está diretamente associada aos altos níveis de ansiedade, depressão e estresse emocional. Em um estudo, 99% dos cuidadores relataram ansiedade e 71% apresentaram sintomas depressivos. Além disso, há relatos de fadiga severa e risco de adoecimento grave em cuidadores de pacientes em cuidados paliativos (FELIPE, 2020).


Dicas para cuidar do cuidador! (PIOVEZAN, 2017)


  • Estabelecer uma rotina equilibrada: planejar horários para o cuidado, mas também reservar momentos pessoais;

  • Praticar atividades físicas leves: caminhada, alongamento ou dança ajudam a aliviar o estresse e melhorar a disposição;

  • Cuidar da alimentação: manter uma dieta equilibrada influencia diretamente o humor e a energia;

  • Manter contatos sociais: conversar com amigos e familiares ajuda a reduzir a solidão e o isolamento;

  • Reservar tempo para hobbies pessoais: ler, ouvir música, pintar, cozinhar ou qualquer atividade que proporcione prazer.

Se você é cuidador e percebe algo diferente,  que o peso está maior, que a rotina virou puramente exigência e não mais cuidado com afeto, busque ajuda. Falar sobre o que sente e respirar de novo é um sinal de coragem, não de falha. 

O CVV (Centro de Valorização da Vida) oferece apoio emocional gratuito através do telefone 188, busque ajuda!

Referências

FELIPE, S. G. B. et al. Ansiedade e depressão em cuidadores informais de idosos dependentes: um estudo analítico. Rev. Bras. Enferm. v. 73, n. 1, 2020. Disponível em: https://www.scielo.br/j/reben/a/MLdb7D8Y6dCnxkXmSP3G8PP/?format=pdf&lang=pt

PIOVEZAN, N. M. et al. Cuidando dos Cuidadores: Um Olhar Sobre a Depressão em Cuidadores de Idosos. Ensaios USF. v. 1, n. 1, p. 187- 201. Disponível em: https://ensaios.usf.edu.br/ensaios/article/view/59

sexta-feira, 5 de setembro de 2025

Setembro Azul: Desafios da Surdez na Terceira Idade

 


A perda auditiva relacionada ao envelhecimento, é considerada a terceira condição mais comum em idosos, depois da artrite e da hipertensão, ela não afeta apenas a capacidade de ouvir, mas também a comunicação, a cognição, relações sociais, saúde mental, segurança e a qualidade de vida do idoso (KARAM et al, 2016).

Estima-se que até 64% das pessoas acima de 60 anos apresentam algum grau de perda auditiva. Por ser progressiva e silenciosa, muitas vezes a surdez só é diagnosticada em estágios avançados. Isso reduz as chances de adaptação a aparelhos auditivos e compromete intervenções reabilitadoras (KARAM et al, 2016).

Principais Desafios (BÉRIA et al, 2009)

  • Dificuldade na comunicação social: A perda auditiva associada à idade  torna difícil distinguir consoantes, especialmente em ambientes ruidosos. Assim, o idoso escuta, mas não compreende totalmente o que é dito. Sendo assim, devido às falhas de comunicação, muitos idosos evitam conversas, reuniões familiares ou encontros sociais. 

  • Declínio na cognição: Com a audição comprometida, o cérebro precisa dedicar mais esforço para compreender a fala, gerando sobrecarga cognitiva. Estudos apontam que a surdez não tratada está associada ao aumento do risco de demência e declínio cognitivo precoce.

  • O emocional: O esforço constante para ouvir e os mal-entendidos durante a comunicação podem gerar sentimentos de frustração e ansiedade. A dificuldade em se expressar ou participar de conversas sociais pode fazer com que o idoso se sinta incapaz ou inferior, favorecendo sintomas depressivos.

  • Perigos no dia a dia: A surdez reduz a percepção de sons de alerta, como buzinas, alarmes, campainhas e até mesmo vozes de aviso, colocando o idoso em maior risco de acidentes domésticos e urbanos. A perda auditiva também está associada a maior risco de quedas, comprometendo a autonomia e aumentando a dependência de terceiros.

A surdez na terceira idade não deve ser vista apenas como uma limitação sensorial, mas como uma condição que afeta múltiplas dimensões da vida do idoso comunicação, cognição, saúde emocional, segurança e independência. Reconhecer esses desafios é fundamental para promover diagnósticos precoces, estratégias de reabilitação auditiva e ações de inclusão social, garantindo maior qualidade de vida ao envelhecer. (CRUZ et al, 2009).

Referências

BÉRIA, J. U. et al. Hearing impairment and socioeconomic factors: a population-based survey of an urban locality in southern Brazil. Revista Panamericana de Salud Pública, v. 25, n. 6, p. 481–490, 2009. 

CRUZ, M. S. et al. Prevalência de perda auditiva referida e causas atribuídas: estudo populacional em idosos. Cadernos de Saúde Pública, v. 25, n. 5, p. 1123–1131, 2009.

KARAM, Karina; SANTOS, Jéssica C.; SILVA, Maria A. Impactos da presbiacusia na qualidade de vida do idoso. Revista Kairós: Gerontologia, v. 19, n. 3, p. 119-136, 2016.