Um dos maiores desafios vivenciados por quem cuida ou tem algum familiar com demência é a comunicação, geralmente esta é uma das primeiras áreas que interfere na qualidade de vida do idoso com demência, por vezes, nos estágios iniciais e moderados, o idoso ainda é capaz de realizar as atividades de vida diária sozinho porém as alterações da linguagem dificultam a compreensão das instruções dadas pelo cuidador (DELFINO, 2016).
Primeiramente, vamos entender como ocorre a progressão dos sintomas de comunicação e linguagem: (DELFINO, 2016)
Estágios leves: surgem problemas sutis para relembrar palavras;
Estágios moderados: dificuldades com o uso da correto das palavras, formação de frases, compreensão e escrita ficam cada vez mais relevantes;
Estágios avançados: os problemas de comunicação evoluem e são agravados pela perda da memória e déficits intelectuais. Os idosos podem se comunicar de forma ininteligível ou ficar totalmente mudos.
Dessa forma, preparamos algumas dicas que podem auxiliar a manter uma comunicação carinhosa, eficiente e segura com o idoso.
Fase Inicial (SOARES, 2019)
Não sufoque o idoso com muitas informações e perguntas feitas ao mesmo tempo, a tendência é que ele misture todo o conteúdo;
Fale pausadamente e faça uma pergunta por vez, dando tempo para que o idoso pense e tente responder;
Converse com a pessoa sobre suas vontades e como gostaria de ser tratada com o avanço da doença.
Fase Intermediária (SOARES, 2019)
Use frases curtas, olhando diretamente nos olhos do idoso para prender mais sua atenção;
Encontre um tom de voz que possa ser compreendido;
Comunicação não verbal: o idoso muitas vezes não consegue explicar o que quer, por isso espalhe dicas pela casa (cole imagens de objetos que o idoso irá encontrar dentro de um armário, por exemplo);
Evite fazer perguntas em que não obterá respostas, ao invés de perguntar “onde você está?”, descreva você o local onde ele se encontra, isso auxilia na redução da ansiedade.
Fase Avançada (SOARES, 2019)
Nesta fase a comunicação verbal fica muito prejudicada mas não deixe de interagir com o idoso;
Use frases curtas e gestos;
Perguntar se o idoso quer uma maçã provavelmente vai ser inútil, mas você pode mostrar uma maçã, e ele poderá responder balançando a cabeça indicando sim ou não;
Narre tudo o que está acontecendo no ambiente, como está o dia, episódios da família e tudo que irá fazer com ele. O importante é manter essa troca.
Com estes conceitos em mente compreendemos como é desafiador determinar uma abordagem ideal para se comunicar com o idoso, não raro, estratégias que funcionam bem para diversos problemas em um momento podem deixar de funcionar em questão de minutos para o mesmo problema (DELFINO, 2016).
Referências
DELFINO, L. L.; CACHIONI, M.. Estratégias comunicativas de cuidadores de idosos com demência: uma revisão sistemática. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, v. 65, n. 2, p. 186–195, abr. 2016. Disponível em: https://www.scielo.br/j/jbpsiq/a/8q5hFkK5Z3t4YHTcMYtTpDF
SOARES, M. J. G. et al. Comunicação de Idosos com Demência: uma revisão integrativa. IV Congresso Internacional de Envelhecimento Humano, 2019. Disponível em: https://www.editorarealize.com.br/editora/anais/cieh/2019/TRABALHO_EV125_MD1_SA1_ID1396_10062019154118.pdf
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