sexta-feira, 22 de agosto de 2025

Idosos LGBT+ e os desafios para combater a invisibilidade

 


Quando falamos sobre envelhecimento, é comum pensarmos em cuidados com a saúde, suporte emocional e convivência social. No entanto, muitos esquecem que há mais questões ao redor dos idosos que sequer são vistos. Estamos falando das pessoas idosas LGBT+, que enfrentam, além dos desafios comuns da idade, uma realidade marcada pela invisibilidade, exclusão e silenciamento. Durante grande parte de suas vidas, essas pessoas foram ensinadas a esconder quem eram para sobreviver. Enfrentaram discriminação, violência e rejeição, muitas vezes dentro da própria família. Com o passar do tempo, muitos passaram a viver isolados, afastados das redes de apoio e invisibilizados pelos serviços de saúde e assistência social (MOTT et al., 2020). 

Mesmo com os avanços nos direitos da população LGBT+, a velhice continua sendo um território onde a diversidade é pouco reconhecida. O idoso LGBT+ muitas vezes não é lembrado nas políticas públicas, não se vê representado nos espaços de convivência, e pode até sentir que precisa “voltar ao armário” para evitar discriminações (PELÚCIO, 2014).

Acolhimento começa no cuidado diário: A invisibilidade institucional também se expressa em atendimentos genéricos, onde o idoso LGBT+ não é levado em consideração como sujeito com necessidades específicas. Garantir o uso do nome social, respeitar sua identidade de gênero e não presumir um modelo heteronormativo de vida são atitudes básicas de acolhimento (BRASIL, 2018).

Reconheça e valorize sua existência: O simples ato de ver e ouvir um idoso LGBT+ já é um ato de resistência. Suas histórias são marcadas por superação e coragem. Validar sua trajetória e respeitar sua identidade é reconhecer sua humanidade.

Romper o isolamento é um ato de cuidado: O isolamento social é uma das maiores consequências da invisibilidade. Incentivar a participação em grupos comunitários, espaços culturais e coletivos LGBT+ na terceira idade é essencial para reconstruir vínculos e fortalecer a autoestima (GONÇALVES, 2020).

Informar é empoderar: A falta de informação sobre seus direitos contribui para que esses idosos permaneçam à margem. O Estatuto do Idoso, a Política Nacional de Saúde LGBT e outras garantias legais precisam ser conhecidas e acessadas. A informação é um passo fundamental para sair da invisibilidade (BRASIL, 2003; BRASIL, 2018).

Tornar visível é tornar digno: Visibilidade não é vaidade: é dignidade. Enxergar o idoso LGBT+ como ele é, com sua identidade, seus afetos, sua história e seus direitos, é uma forma de romper com décadas de apagamento. Toda pessoa tem o direito de envelhecer sendo quem é.

Referências

BRASIL. Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT). Ministério da Saúde, 2018.


GONÇALVES, I. C. Velhices LGBT+: invisibilidades e possibilidades. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, 2020.


MOTT, L. et al. Velhices LGBT no Brasil: resistência e desafios. Clam/ALAI, 2020.

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