A sexualidade na velhice ainda é um tema repleto de preconceitos, mitos e tabus na sociedade atual. Apesar do envelhecimento populacional ser uma realidade crescente, falar sobre desejo, amor e práticas sexuais na terceira idade segue sendo visto como um assunto a ser evitado ou até mesmo como algo inapropriado. A verdade é que o desejo, a busca por carinho, afeto e prazer não desaparecem com a idade, muitas idosas e idosos relatam viver uma fase de redescobertas e de novas formas de expressão (ROZENDO, 2015).
Por que a sexualidade na velhice ainda é um tabu? (VIEIRA, 2012)
Estereótipos que silenciam: as construções sociais ainda praticadas associam majoritariamente a sexualidade apenas à juventude, isso leva a consequência de idosos sendo vistos como assexuados e sem desejo;
O peso da cultura e da moral: muitos idosos cresceram em tempos marcados por padrões sociais opressivos que desencorajavam a conversa sobre sexualidade de forma aberta, considerando inadequado ou desnecessário. Este passado baseado no silêncio e na repressão deixa marcas que ainda influenciam o pensamento da sociedade e dos próprios idosos mesmo nos dias de hoje;
Impactos na qualidade de vida: o silêncio, o medo do julgamento e a falta de acesso a informações ainda presentes entre muitos idosos comprometem não apenas a vivência da sexualidade, mas afetam diretamente sua saúde emocional, autoestima e bem-estar geral. A repressão de sentimentos e desejos pode gerar solidão, insegurança e sintomas de depressão.
Esta fase é um momento de redescoberta, em que os sentimentos assumem novas formas de expressão, incluindo a intimidade e o desejo sexual, que continuam presentes e legítimos nessa fase da vida. Valorizar essa dimensão contribui para uma vida mais plena, com relações afetivas mais saudáveis e maior qualidade de vida (VIEIRA, 2012).
Portanto, romper com o tabu da sexualidade na velhice é um desafio que envolve educação, saúde pública e transformação cultural. A sexualidade faz parte da vida desde o início até a velhice e por definição não se resume apenas ao ato sexual, mas envolve carinho, cuidado, amor, afeto, troca emocional, valores, crenças, relações e sentimentos (ROZENDO, 2015).
Falar sobre sexualidade na terceira idade é garantir dignidade, saúde mental, qualidade de vida e combater o preconceito que ainda exclui essa população de viver plenamente seus desejos e afetos. Deste modo, reconhecer a sexualidade como direito humano nas fases da vida é um passo essencial para promover o envelhecimento saudável, com respeito e dignidade (ROZENDO, 2015).
Referências
ROZENDO, A. S.; ALVES, J. M. Sexualidade na terceira idade: tabus e realidade. Revista Kairós Gerontologia, São Paulo, v. 18, n. 3, p. 95-107, 2015. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/kairos/article/view/24142
VIEIRA, K. F. L; MIRANDA, R. S; COUTINHO, M. P. L. Sexualidade na velhice: um estudo de representações sociais. Psicologia e Saber Social, João Pessoa, v. 1, n. 1, p. 120-128, 2012. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/index.php/psicologiasabersocial/article/view/14048