quinta-feira, 20 de maio de 2021

CONVULSÃO E EPILEPSIA NO IDOSO

 


Convulsões ou crises convulsivas são definidas como evento paroxístico devido a descargas anormais, excessivas e hipersincrônicas de um agregado de neurônios do sistema nervoso central (SNC). Uma crise convulsiva isolada, por si só, não representa evidência de doença neurológica. Pode representar apenas uma resposta do sistema nervoso central a agressões que interferem no equilíbrio excitatório/inibitório do córtex cerebral. Ocorre por privação excessiva do sono; danos cerebrais por infecções, neoplasias e/ou alterações vasculares; uso abusivo ou abstinência de substâncias e/ou álcool; estresse físico excessivo; distúrbio metabólico e medicamentos, não havendo recorrência após a correção do distúrbio precipitante. Se há recorrência ou probabilidade aumentada de recorrência, configura-se epilepsia (FISHER et al., 2005; 2010 apud FREITAS, 2013).

 

Essas condições são de particular importância para o geriatra, pois, apesar da percepção errônea de que se trata de um problema de crianças e adultos jovens, a prevalência e a incidência de crises convulsivas e de epilepsia aumentam com a idade. Muitos indivíduos que apresentam crises convulsivas após os 60 anos têm doença cerebral identificável, dando-lhe a situação de predisposto, caracterizando a epilepsia de início tardio (LEPPIK, 2009; VAN COTT, PUGH, 2008; Sirven, Ozuna, 2005; BOGGS Et al., 2010 apud FREITAS, 2013).

 

As crises convulsivas em idosos aumentam o risco de dependência funcional, de diminuição da autoconfiança e de quedas com lesões corporais e outras sequelas, que poderão contribuir para a perda de qualidade de vida (ROWAN, 2005 apud FREITAS, 2013).

 

Em relação ao tratamento, a presença de determinadas condições mórbidas comum em idosos, como déficit visual secundário a catarata ou degeneração macular associada à idade e deficiência cognitiva, podem dificultar a adesão medicamentosa e requerer supervisão de um cuidador, sob risco de comprometer o tratamento e trazer sérias consequências (ROWAN, 2005 apud FREITAS, 2013).

 

REFERÊNCIA

FREITAS, E.V. Tratado de geriatria e gerontologia. In: Tratado de geriatria e gerontologia. 3º ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, p. 426-436, 2013. Disponível em: <https://ftramonmartins.files.wordpress.com/2016/09/tratado-de-geriatria-e-gerontologia-3c2aa-ed.pdf>. Acesso em: 12 abr 2021.

sexta-feira, 14 de maio de 2021

CAMPANHA DE VACINAÇÃO GRIPE/NFLUENZA 2021

 


A gripe, ou influenza, é uma infecção aguda que atinge o sistema respiratório, possuindo grande potencial de transmissão e distribuição global. A transmissão direta,  de pessoa para pessoa, é a mais comum e se dá através de gotículas expelidas pelo indivíduo contaminado ao falar, espirrar ou tossir. (BRASIL, 2021a)

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os casos de influenza podem variar de quadros leves a graves e são responsáveis por elevadas taxas de internação, além de poderem levar ao óbito.

 

Como se prevenir?

A vacinação é a forma mais eficaz de prevenção contra a gripe, além de ser segura e reduzir as complicações que podem levar a casos graves da doença, internações ou até mesmo óbitos. (BRASIL, 2021b)

Seguindo o Plano Nacional de Imunizações (PNI), a vacinação deste ano será dividida em 3 etapas. Para idosos acima de 60 anos a vacinação se inicia no dia 11/05 e termina no dia 08/06 (segunda etapa). Outros grupos serão contemplados em outras etapas. Para saber mais, veja a tabela abaixo.

Fonte: BRASIL, 2021b

As Secretarias Municipais de Saúde são responsáveis pelo planejamento de atendimento e vacinação de cada um desses grupos. Para melhor organização e evitar aglomerações, poderá haver divisão por idade dentro da faixa dos idosos acima de 60 anos. Procure saber mais sobre as datas do seu município.

Temos duas campanhas de vacinação acontecendo simultaneamente (gripe e covid-19). Nesse contexto, o Ministério da Saúde prioriza a vacinação contra a covid-19. A população alvo da vacinação contra a gripe e também da covid-19 deve receber primeiro a vacina da covid-19 e agendar a aplicação da vacina influenza, respeitando o intervalo mínimo de 15 dias. (BRASIL, 2021a)

Em caso de diagnóstico positivo ou quadro sugestivo de covid-19 é recomendado o adiamento da vacinação contra a influenza até a recuperação clínica total ou quatro semanas após o aparecimento dos sintomas. (BRASIL, 2021a)


Contraindicações e precauções da vacinação contra a influenza

- Em caso de febre no dia da aplicação, aguardar o término dos sintomas

- Em história de alergia a ovo: se apresenta apenas urticária a vacina pode ser aplicada; em caso de outros sinais de anafilaxia a vacina pode ser administrada, desde que em ambiente adequado para tratar manifestações alérgicas graves

- Contraindicada para crianças menores de 6 meses

- Contraindicada para pessoas com história de anafilaxia a doses anteriores (BRASIL, 2021a)

 

Reações adversas

Após a aplicação da vacina pode ocorrer dor, vermelhidão e endurecimento no local de aplicação. Também pode ocorrer febre e mal-estar. Estas são manifestações consideradas benignas e esperadas, cujos efeitos costumam passar em 48h. (BRASIL, 2021a)

 

IMPORTANTE!

Não ter a caderneta de vacinação em mãos não impede a aplicação das vacinas ofertadas em qualquer campanha do Ministério da Saúde, porém é importante leva-la no dia da aplicação da vacina para um melhor controle e checagem da equipe de vacinação.

Durante a campanha de vacinação é imprescindível o uso de máscaras, respeito ao distanciamento social e higienização das mãos.

 

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Informe Técnico - 23ª Campanha Nacional de Vacinação Contra a Influenza, 2021a.  Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/media/pdf/2021/marco/16/informe-tecnico-influenza-2021.pdf. Acesso em 06/05/2021.

BRASIL. Secretaria de Saúde do Estado de Minas Gerais. Campanha Nacional de vacinação contra gripe (influenza), 2021b. Disponível em: https://www.saude.mg.gov.br/gripe#vacinacao



quarta-feira, 5 de maio de 2021

TIPOS DE DEMÊNCIA


Entre os idosos, a demência é uma das principais doenças crônicas não transmissíveis e pode causar incapacidade e dependência. A demência cursa com deterioração dos domínios cognitivos, transtornos de comportamento e prejuízo funcional e é o tipo mais comum e mais grave de comprometimento da função cognitiva. Destaca-se a seguir os tipos de demência:

      

Tipo de demência

Definição

Possíveis sintomas

Alzheimer

Degeneração progressiva dos neurônios e comprometimento das funções cognitivas.

Desenvolvem-se em fases, sendo os sintomas inicias relacionados à dificuldade em encontrar as palavras e de tomar decisões, falta de atenção e comprometimento da memória, concentração, atenção e raciocínio.

Demência vascular

Acontece quando o suprimento sanguíneo do cérebro é prejudicado devido a problemas cerebrovasculares ou cardiovasculares, resultando em alterações cerebrais e, consequentemente, na demência.

Grande comprometimento cognitivo, dificuldade de realizar atividades simples do dia-a-dia, resultando em dependência. 

Demência por Parkinson

A demência por Parkinson surge à medida que a doença de Parkinson piora, sendo uma consequência das alterações que ocorrem a nível cerebral, pois há alterações relacionadas com a cognição e comportamento da pessoa.

Além dos sintomas característicos do Parkinson, ocorre a perda progressiva da memória e alteração dos reflexos.

Demência senil

Progressiva e irreversível das funções intelectuais, como memória, raciocínio e linguagem, sendo portanto uma das principais causas de incapacidade em idosos. Este tipo de demência normalmente é consequência de doenças neurodegenerativas, como Alzheimer ou a doença de Parkinson, por exemplo.

Desorientação, perda da memória, dificuldade em tomar decisões, esquecimento, perda de peso, incontinência urinária, dificuldade para dirigir ou fazer atividades sozinho.

Demência frontotemporal

Caracterizada pela atrofia e perda de células nervosas de um ou ambos os lobos frontais e temporais do cérebro. Os lobos frontais são responsáveis pela regulação do humor e comportamento, enquanto que os lobos temporais estão relacionados com a visão e a fala. Assim, dependendo do local que ocorre degeneração cerebral, os sintomas podem variar.

Alterações no comportamento social, variação da personalidade, alterações na linguagem. Além disso, a pessoa pode repetir frases faladas por outras pessoas várias vezes e não lembrar de nomes de objetos, conseguindo apenas descrevê-los.

Demência de Pick

Caracterizada pelo excesso de proteínas Tau nos neurônios denominados corpos de Pick. O excesso de proteínas normalmente acontece nos lobos frontais ou temporais, sendo uma das principais causas de perda de memória precoce.

D diminuição da capacidade de raciocínio, dificuldade para falar, confusão mental, instabilidade emocional e alterações da personalidade.

Demência com corpos de Lewy

Corresponde ao comprometimento de regiões específicas do cérebro devido à presença de estruturas proteicas, conhecidas como corpos de Lewy, que se desenvolvem dentro das células cerebrais e provocam sua degeneração e morte, resultando na demência. Esse tipo de demência pode acontecer simultaneamente com a Doença de Alzheimer, por exemplo. 

Confusão mental, desorientação, alucinações, tremores e rigidez muscular. Normalmente as alterações mentais surgem primeiro e posteriormente surgem as alterações de movimento e os quadros de confusão mental ficam mais graves.

Demência por álcool

A associação entre consumo excessivo de bebidas alcoólicas e maior predisposição à demência precoce ainda está em estudo, no entanto já é comprovado que o consumo excessivo de bebidas alcoólicas interfere na memória, capacidade cognitiva e comportamental. Isso porque o álcool pode ter efeito nocivo para as células nervosas, alterando o seu funcionamento e resultando nos sintomas de demência, por exemplo.

Dificuldade de aprendizagem, alterações da personalidade, diminuição das competências sociais, dificuldade no pensamento lógico e alteração da memória a curto-prazo são sintomas característicos da demência causada por álcool.

 

REFERÊNCIAS

FREITAS, E.V. Tratado de geriatria e gerontologia. In: Tratado de geriatria e gerontologia. 3º ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, p. 426-436, 2013. Disponível em: https://ftramonmartins.files.wordpress.com/2016/09/tratado-de-geriatria-e-gerontologia-3c2aa-ed.pdf. Acesso em: 12 abr 2021.


MALTA, Ellen Mara Braga Reis et al. Práticas de profissionais da Atenção Primária à Saúde (APS) no cuidado a idosos com demência. Interface-Comunicação, Saúde, Educação, v. 24, p. e190449, 2020. Disponível em:< https://www.scielosp.org/article/icse/2020.v24suppl1/e190449/>.