A sexualidade na terceira idade é um tema negligenciado pelos profissionais da saúde, além de ser visto como um tabu na sociedade. No caso de idosos que sofrem doença de Alzheimer ou outros distúrbios demenciais tal assunto fica mais complicado de ser abordado e discutido. Porém, estudos mostram que pessoas portadoras de transtornos demenciais podem apresentar alterações na sexualidade, e para isso é importante que o cuidador esteja atento e preparado para lidar com esse tipo de sintoma.
Muitos profissionais da área da saúde relatam que idosos com demência podem apresentar uma hipersexualidade e comportamentos sexuais inadequados como acariciar as genitais, tirar a roupa em público ou tentar agarrar o cuidador ou algum familiar. Diante disso, é importante orientar os familiares a não reagir, visto que o comportamento é decorrente da doença, não por vontade própria. E, uma vez compreendendo a situação, o familiar e/ou cuidador precisa, de maneira calma, tentar distrair a pessoa com outra atividade.
Um relato muito recorrente dos familiares é o de idosos querendo fazer sexo várias vezes ao dia. Segundo os médicos, isso também pode fazer parte do quadro de demência. A pessoa não se lembra que havia acabado de fazer sexo e volta a sentir “desejo” novamente. Esse comportamento sexual pode ser causado por uma hiperexcitação do sistema límbico (região do sistema nervoso central responsável pelas emoções e sexualidade). Isso ocorre pela própria doença ou por medicamentos utilizados.
Segundo a APERJ (Associação Psiquiátrica do Estado do Rio de Janeiro), medicamentos como a fluvoxamina, bupropiona e trazodona, por exemplo, podem aumentar a libido. Já a clomipramina e a fluoxetina podem provocar orgasmos espontâneos.
Esse é um assunto que precisa ser mais falado, discutido com o médico e outros profissionais de saúde. Muitas famílias, porém, ainda preferem esconder esses comportamentos por terem vergonha da situação, o que é um grande equívoco. Assim como em relação a todos os outros desafios enfrentados pelos familiares e cuidadores de pessoas com demência, discutir esta situação com uma pessoa compreensiva pode ser uma ajuda. Falar dos problemas num grupo de apoio e saber que outras pessoas passam por experiências similares pode ajudar o cuidador a lidar com tal problema.
Referências:
APERJ. Idoso com demência pode apresentar hipersexualidade. Associação Psiquiátrica do Estado do Rio de Janeiro, 2014. Disponível em: < http://aperjrio.org.br/site/idoso-com-demencia-pode-apresentar-hipersexualidade/ >.
NOGUEIRA, Marcela Moreira Lima et al. Satisfação sexual na demência. Rev. psiquiatr. clín., São Paulo, v. 40, n. 2, p. 77-80, 2013. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-60832013000200005&lng=en&nrm=iso >.
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